20110416

Sinceridade às primeiras vezes

Ainda que eu admire situações nebulosas e tenha gosto sério pela própria nuvem, não posso omitir meu desgosto pelas primeiras vezes. Definitivamente, mesmo que isto seja um dia reverso, as premissas me deliram. Como se estivesse no limite, no canto mais pontiagudo do meu pensamento, quase na alteridade; numa insegurança de cair no espaço que me desprende, na desordem ou na ordem massiva do mundo. Uma vertigem, duas, três, quatro... Às segundas vezes, terceiras, quartas, etc., todo o resto, bom e mau, sem válvula de escape. À elas, a minha liberdade de descontrole, de estrabismo e de inquietação. De astigmatismo duvidoso e preguiça, inércia, apatia, indiferença, às primeiras. São essas que não me preenchem; e permaneço muda, ausente. Até às sucessivas.

20110402

aos dias secretos

ser segredo, hoje cedo. murmurar penumbra atrás da porta até que a curta ladainha fique morta. pormenores e por ronronares, pratico lenços, lisuras e fatias em paladares. calcanhares são os teus macios. aos ares, aos pares, aos mares. restando pular em ruídos fiados, desmanchados e estremecidos. são as coisas de tanta fuga, de tanto rijo. viajar a dissipada situação de um passado inóspito. sem acesso algáceo que oscile ao cetáceo. sem peso, mar ou fôrma. sem fissuras nem salpicos ou tonturas. são as coisas assiduamente aborrecidas, precisamente desprovidas, fugazmente corrompidas. são as tímidas trombetas, os estrondos que. são as coisas secretas das manhãs, os sonhos repousados no cinza dos dias e nas não-memórias espontâneas.