20090829

A METADE DE UM POUCO É MENOS AINDA

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a metade de dentro de um pouco de sal
é menos áspero ainda.

a metade de fora de um pouco de gel
é menos quente ainda.

o dobro de muito barulho
é mais enxaqueca ainda.

o dobro de muita luz
é mais ainda que a morte.

[

NÃO-PORTA

no-vela

Sorte ou azar?

Minha memória fraca só não funciona com amor.

AMOR DEMAIS

supera um ou dois
mente baixinho, depois
não foi nada, nem lembra mais
sorri de outros carnavais

ele parecia ter tudo e ela nada
mas quando voltar a sorrir também vai ser lembrada
com carinho e com saudade
de tanto jeitos, de tantas falas
tanto amor em poucas malas

eu quero dizer algumas coisas
quanto a nós, quanto ao que somos agora
ninguém podia adivinhar
que nada ia sumir como o previsto
nos papéis que guardei nas gavetinhas
e amarrei com fitinhas finas
o que passamos dentro da névoa
com tanto vício

juro que não vou me entregar
a viver na saudade
só porque queria de novo
para lembrar ainda mais
como era sentir amor demais
daqueles que são mesmo de verdade

20090827

eco dá no oco

seco dá no soco
medo do moço

20090826

portas e porcas

ladainha de tristeza, aspereza pesada, pensamento granulado, gelado e ainda virado de costas pra mim!
é que eu desconfio de tontura sem leveza...

- é burra como uma porta!
- come feito uma porca!

portarias são leves, são vazias.
porcarias são gordas, são azias.

eu não tenho saúde, é saudade


eu sinto saudade de você, mas eu não tenho, ainda bem.


eu sinto saudade de você, mas eu não tenho ainda.


eu sinto saudade de você, mas eu não tenho.


eu sinto saudade de você, mas eu não.


eu sinto saudade de você.


eu sinto saúde.


eu sim.

20090824

é assim pelo menos um quinto do dia

quando eu passo muito tempo sem pensar, minha cabeça flutua num marasmo todo pasmo e arriscado de riscar.

me vem um voo: _____________.
um cheio de moleza: ~~~~~~~.

um cheio tão miúdo, densificado num embrulho nada nu, todo pardo e marcado. um prazer enorme de moça sardinha.

20090810

não necessariamente nessa ordem

p-arte 1: nem todo poeta pateta escreve poéticas patéticas, eles mais discutem com os poemas do que os escrevem. os descrevem. o poema na verdade nem existe, o que existe é o que deveria ser o poema

p-orte 2: fazer concreto o que não se permite, física e sentimentalmente falando. pausar o tempo em que isso não era (no caso, não "é") exprimível em formas

p-orta 3: informar, finalmente, densamente, ente

p-ente 4: informalmente

20090803

gargantilha é armadilha de garganta
apelativo é banhar a pele pelada de pelos e panos com água pelando pela noite