20071223

asminhasmoléculassãotãomoles

moles moléculas
moléculas moles
salucélom selom
moles moléculas
moléculas moles
selom salucélom
me bo
dos bos

20071222

EU QUIS

muito falar tudo, de uma vez só, olhando nos teus olhos, ou qualquer outro lugar que eu pudesse mergulhar e ouvir meus pensamentos para não deixar passar nenhum detalhe, para não me perder e então falar o que minha boca mandasse sem me deixar pensar, e então acabar com as coisas boas do dia que ainda nem tinham começado. Eu quis mesmo, mas então tu me olhaste e em vez de eu mergulhar no teu olhar e ouvir o que eu pensava, eu mergulhei em ti, mergulhei na tua boca, na pele do teu rosto, na forma da tua sobrancelha - que atraiu meu carinho a penteá-la, naquela sensação de estar arrumando tudo, organizando as palavras que eu falaria dali a algum momento; eu estava só em ti: nas tuas sobrancelhas, e nas minhas palavras ainda ausentes que insistiam em ser ditas. Mas então, não fechaste mais teus olhos, e olhando pra eles eu não lia meu pensamento, só conseguia te sentir dentro de mim. Foi então que percebi que estava perdida na minha tristeza de te dizer as coisas, mas não sabia do que se tratava aquela tristeza. Não, na verdade, eu sabia, mas era tarde para a tristeza ser dita, não achei que iria valer para esse dia, que prometia ser melhor sem as palavras.

Foram algumas horas te olhando dormir, sem te tocar, qualquer movimento teu já bastava para eu voltar no tempo de novo, no tempo em que eu não te conhecia, mas as coisas eram assim também.

Meu contato contigo começou com carícias nos teus pés, mas sentiste cócegas, e eu fiquei com medo de ti, mas fui racional e acariciei o peito dos teus pés, e dali em diante eu só pensei em te dizer tudo, de uma vez só (...) E então eu deitei com o meu rosto perto do teu e fiquei te olhando dormir, mas abriste os olhos e não fechaste mais (...). Percebi que quando me hipnotizas assim, eu não penso, eu não falo - porque tenho medo de falar coisas pra ti sem pensar, mas eu fico bem: quando estou em ti e quando estás em mim.

20071216

reflexos que parecem tremer; tremeluzir, resplandecer

20071211

é mais forte que névoa, mas não mais bonito

Quando eu começo com essa sensação de estar feliz e triste ao mesmo tempo, já percebo em mim aquele quê de borboletinhas cintilantes. Porque é uma coisa que vem de dentro e me engole inteira por fora. E eu fico aqui tentando entender. É assim que eu sinto, exatamente: bolinhas coloridas translúcidas e achatadas, como se fossem papel manteiga com mais luz, piscando sem parar, umas com maior outras com menor frequência, bolinhas parecidas com as que eu vejo com enxaqueca, mas essas aí não doem e eu não vejo, eu só sinto; uma coisa que me faz mexer pra todos os lados: pra voar: pra encostar a mão no céu e essas coisas..; e vontade de ver choro bonito, a lágrima brilhante fazendo o rosto mais brilhante e com vida, avermelhando as bochechas, a boca rindo de chorar, sentindo a vida escorrendo sobre o corpo.

O gel me engole.

20071208

chover num labirinto de chuvas

rodar rodar e não sair: estar chovendo pra sempre num labirinto de chuvas: num momento de estar: eu escorro bem

20071205

como mais aflita

Eu não só me sinto com mais um vidro de pepino, uma maçã, um pedaço e meio de bolo integral de canela e cinco morangos dentro de mim, como me sinto com mais eu. Assim, num sentido de me ter mais a qualquer coisa, de colocar a mão no fogo por mim. Mais do que ninguém, eu sou segura que se eu me trair será pro meu próprio bem maior, e esse bem maior pode até ser eu me perder de novo, mas que faça sentido: maior. Eu fico aflita fico aflita fico aflita fico aflita aflita aflita dentro de mim, eu me acalmo, alma.

Cada coisa que eu não sei mais. Eu tô tonta já de me ter dentro de mim, eu queria me desgrudar um pouco, ando pegajosa.

a pior coisa já foi pior

tenho um enigma dentro de mim: enquanto muito triste eu olho meus olhos, o mais fundo que meu olhar consegue chegar, e choro mais feliz

e sem pensar, isso faz muito sentido

eu me choro (que estar me chorando é chorar mais pra mim que pro choro, é não soluçar, é chorar bonito)

as lágrimas são partes de mim afagando-me, elas fazem eu me sentir

eu escorro

20071201

ainda essa coisa de lembrança

Coisa boa de lembrar é o quanto é bom ser sozinha algumas vezes. E se concentrar na própria respiração, no próprio sentimento de sentir. Sentir-se completa consigo, não precisando de mais nada naquele dia. Sem ansiedade pra ter mais passado, sem nostalgia pra voltar no tempo. Nada. Só viver agora, e sozinha. Como pode, eu, pessoa que gosta de pessoas, quase que o tempo todo, sentir-se completa sozinha? Às vezes penso que é besteira da minha cabeça, mas noutras sei que eu me sou/me vou sozinha. E é isso, vou daqui sozinha quando quiser. Vou-me do que eu penso. Vou-me da minha própria lembrança das coisas. E, não sinto mais aquilo de antes, passou, o passado.

não lembra de hoje noutro dia

Hoje eu lembrei de muitas coisas. Algumas foram boas para serem lembradas, mas outras me deixam ainda apavorada. E, então, o telefone tocou. E tudo foi bem estranho, porque era como se eu tivesse trazido o passado de volta. O passado tem o lugar dele, que é no passado, e nada mais justo que viver o presente agora. Fiquei perturbada pro resto do dia e da noite. Isso não devia acontecer. Nunca mais acontecer. Tenho que parar de lembrar de coisas ruins, elas podem querer voltar. E eu, nada posso fazer; nem falar.

zzz

zzz