20070730

eu vivo para esperar névoa

Conseguia ver de longe o que me faria feliz. Mas me é só uma eu. (Eu me perco no meio de mim. Nem me tenho, na minha essência, mais; dispersei tanto que nem sei.) Em quantidade, era demais pra mim, não sei o que faria com tudo. Eu pressenti que tinha me perdido, mas não voltei a olhar aquela minha felicidade. Eu seria, dali pra frente, alguma coisa menos real. Não só eu perceberia o quanto menos. Fiquei mais que feliz alguns instantes, esses instantes me bastaram de fantasiosas sensações. Já senti a mesma névoa outras vezes. Elas são lindas! "E, deslumbrada de desentendimento, ouvia bater dentro de mim um coração que não era meu."¹ Foram névoas que passaram-me como brisas, suaves, mas são névoas pesadas, carregadas de sensações. Névoas meio mágicas, paralelas a qualquer coisa que seja real. É uma dimensão a mais, guardada para as minhas névoas. Senti-as algumas poucas três ou quatro vezes. Em meio ao meu pensamento, guardo-as nas partes mais prazerosas da memória. Outras pessoas fazem parte delas (mas não sei se elas fazem parte das outras pessoas), é aquela sensação de paixão. Não qualquer paixão: paixão e aroma de morango, suave e (vibrante) vermelho; sensação de chocolate quente (chocolate quente é carregado de paixão); e de afago, macio e profundo.

¹Clarice Lispector

OS DEGRAUS

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mario Quintana

20070729

viv eeeeee n pen rrrrrrrrrrr

Eu sou meio assim: escrevo e não penso. "Viver é não pensar"¹ Escrevo palavras, pois, vivas. São poucas e rasas, intensas em mim. As palavras me acordam, tiram-me da água, tiram-me ar. Enquanto penso em ti, penso superfície; trancrevo-te e sou profunda. És, paradoxalmente, intenso e suave. Pesas-me. Nascem ainda mais reticências na minha cabeça. Pensamentos de petit pois. Vou me enrolar, sou nó num ovo. Enrolo e vibro em vermelho. Quase que um ponto, formada de vários nós. Desnoda-me.

¹Fernando Pessoa

um nada a mais de amor e essas coisas

Amor é coisa individual. Eu sinto o meu amor e não o teu. Sinto como me amas, mas eu sinto o meu amor de como me amas. Não tem como dizer como eu te amo só dizendo que eu te amo. Pois te amo do meu amor (............) Nunca vou amar mais ou menos que tu, é amar e só. Mas como eu disse, amo-te do meu amor (como se amor fosse feijão: escolhe; vê que os grãos são diferentes; mas no fim, dá tudo feijoada). Amor é meio morte, precisa de muita explicação, porque não se entende. Um amor morto deve dar grande trabalho. Talvez por isso amor é coisa que não morre. Ainda sinto o amor da primeira vez que amei. Sinto o mesmo amor e nunca vou deixar de sentir pelo mesmo meu amor. Eu tenho amor guardado. Tenho feijão guardado também. Se amor tivesse ferro (como feijão) iria facilitar minha vida. Sinto tanto amor, nunca seria anêmica. O amor está no ar, com ferro ou sem (queria mesmo que fosse com). É uma delícia este punhado de ar. Uma possibilidade, talvez, seria colher ar por aí. Brígida Baltar colhe neblina/maresia/orvalho. São lindas. Mas pensei, já tenho tanto amor aqui, estou louca de querer mais. É não, não, não. De amor eu já me basto. Idéia de gerico.

entre uma coisa e outra tem ar

Não odeio a calma da vida. Odeio aquela coisa de respirar pesado, poque muita calma tem no ar. Não me agrada nem um pouco que seja a demora pra viver uma agitação pouca. Pois é assim eternamente: quando é pouco, vive-se devagar; quanto é muito, rápido. É isso que eu odeio na essência. Poderiam as coisas se inverterem, seriam como café quentinho com chocolate no inverno. Penso, logo, que a tristeza seria menos viável e que os suspiros aconteceriam mais leves. E como a vida, mais leve, seria igualmente (do tanto de mais) mais fácil. Porém aí acho que houve um engano. Se tudo viesse a ser (mais) incoerente, leve não seria fácil; seria, então, quem sabe, um punhado de pedras que não escondem facetas de tapas. E de tapas uma vida não me sensibiliza calma. Mas é da calma que fujo, oras. Então tapas me vêm a calhar? Pois, não é bem assim que pensara antes. De calma, quero a vida pesada e difícil, então calma também. E não tapas. Em contradição, se tapas vierem "do tanto de mais" difícil, seria como café quentinho com chocolate no inverno.

20070728

mundinho podre

(um parênteses ao que não me agrada nem um punhado de pedras na vida; é uma - muitas - morte que não se entende e se provoca sem nem pensar que é uma morte, pois, claro, não é a sua e nem de sua mãe. Guardo-me disso com um punhado de pedras na mão, para quando achar o amor - que não se entende igualmente - pela morte em excesso - ou em desexcesso, o que traria o desprazer do morto da mesma maneira, seja ele um ou muitos. E jogo a primeira pedra, ou a segunda, e já joguei muitas, de uma alma sem mais vida. Que não, não é a sua e nem de sua mãe, não se preocupe.)

20070725

Porque olhar pra ver o que passou é só pra ter certeza do que engordou chocolate na vida.

A vida engorda. É papo! Meu grito teve o acontecimento sentido por mim. Só um instante e penso céu azul, lindo de morrer neste mesmo instante! É pele fria, é vento e céu de morrer. A pele resseca à céu aberto, mas a pele renova. A pele é minha. Resseca quando eu bem entender seus sentidos....... Na grande parte, chocolate amargo (de sentir sede); e é quente e me aquieta em companhia. O que me basta em pele (fria, ainda).

20070723

21:53, again...........

20070722

um embaraço, um abraço

(Ê: gripe, febre, tontura. Mas é isso mesmo: gripe, febre, tontura.) No mesmo ponto: um embaraço, um abraço. Um valorzinho para as coisas desúteis. (Eu quero sempre mais ser pedra. Volto, e vou; e vou, e volto.)

20070721

Sempre, sempre, às 21:53.

(J)

Já era hora de ficar doente mesmo. Estou falando comigo aqui porque o espelho não me aguenta, porque a janela não me aguenta, nem a tv, nem o teto branco, porque eu não me aguento mais. Lacrimeja, seja o que for: lacrimeja gripe, lacrimeja tristeza. Não me importa moral, nem postura, nem porra nenhuma que seja.
Cansei das coisas, vou esperar alguma coisa boa cair do céu na minha cabeça. Não procuro mais nada. Pra mim, já foi o que era pra ser e agora nada mais.
Lágrimas passam como lagartixas; passam-me lágrimas de lagartos.
Vou-me, pois, como nunca fui, de mim; não volto mais.
Alguma coisa me chamou e me disse: Pára!
Pois bem, estou parada. E (com ênfase nele), calo-me.

20070718

;

(e então percebe e não esquece mais; não passam de significados sem sentidos, com excesso de)

as coisas não mudam

Não que eu tenha alguma coisa a dizer sobre isso, não que as coisas sejam boas ou ruins: elas caminham e caminham e nunca chegam a lugar nenhum. Espero que as coisas parem mesmo de acontecer, que tudo continue a mesma coisa, que passem sem parecer passar e que sejam rápidas. Não aguento mais muita, mas muita coisa. Quero ficar sozinha com meu filme e minha pipoca quase queimada. Quero também a Mari, a Naiara e o Miojo, aqui, agora. E que venham Luciano, Malu, Bolinho, Marcio, Bio e todos que eu adoro demais.

20070714

again

É. Tremi-me toda. Pensei que ao acaso eu olharia pela janela e o vento me traria minha névoa de hoje. Não mais haveria névoa em mim (hoje)? Entendi. Onde estaria ela? Para, então, eu olhar através... Estava eu ali no centro a olhar para baixo, e de baixo para cima, e de cima para os lados; movimentos redondos. Eu vi céu, vi nuvem, vi sol e vi trovão, esse último ontem.

20070712

Meu chá de hoje:

Ingredientes: Frutos de Erva Doce
Pipinella anisum, L.

(Eu sinto uma coisa toda a vez, deve ser o Pipinella anisum.)

20070711

Cada vez mais, cada vez menos


As pessoas são assim: têm infinitos planos e ideais. Quando percebem a vida, elas mudaram. Quanto menos, quanto mais. As coisas valem sentidos na vida, muitos sentidos. Não sinto, suscito coisas novas. Pra mim, não pra ti. Suscito pra mim e sinto pra ti. Alguma de algumas é um nó. Fazem nós - de nó - sentidos e nascem, então, novos nós no mundo. E de nó em nó, pois, o mundo cresce e cresce. Ele confunde tanto de tais, não há mais laranja pra tanto nó, minha vida. Explica-me agora, de onde as coisas vêm e pra onde vão, hein? Não há dúvida que tudo não passa de um.

20070709

,

Sinto, mas isso não quer dizer nada. Desde quando tais sensações querem dizer alguma coisa? âhn?
É um espaço-tempo que não me sinto mais. Querem dizer nada! Que fiquem onde estiverem e não me apareçam mais com especulações, repugnantes sensações!
Quer não dizer, não diz! Me neither,, Não, não quero nada. Nunca mais vou querer nada. Não me venha mais com sensações, elas não me querem e,,,,

Me neither,

Me neither,
Me neither,
Me neither, Me neither,
Me neither, Me neither, Me neither, Me neither, Me neither,
Me neither, Me neither,

Me neither,
Me neither, Me neither, Me neither,

20070707

éé..............................

Estas coisas de pintar cabelo de chocolate, unha de licor ou de tomate, também de chocolate, ou café, ou o que for pra ser, que seja!

E só, sabe?

Como já vivi, nossa! Só hoje, e só, já vivi umas três vezes. É sim, eu vivo em mim mesma, comigo mesma, outra eu. É, é assim: eu me vivo numa trajetória e aí, dependendo dos seus caminhos/fases/falas/alegrias, eu fico assim ou assado(a). Aqui fico assada, é quente demais, ó céus!

Suc-ção

É alguma coisa de intersecção, secção; sucção, entende?
No sentido de estar sem roupas na cozinha - e ao mesmo tempo no quarto e na sala - e sabe, sim sabe, que tem algo de fio ou corda no meio de ti. Assim, na casa toda, dás um passo e és cortado ao meio, és dois por alguns instantes - e és.
Da cintura pra cima, eu; da cintura pra baixo, tu. Múltiplos, múltiplos cortes em quem passa. Em seguida és sugado pelo tempo. Suc-ção. SUC SUC SUC. Fostes suc, querido.
Sumi da cintura pra cima. E da cintura pra baixo, ah: sumi também. Não tem nada de mágica aí, só intersecção e sucção, foi. E agora só uma coisa: não mais.

20070706

PARA SÁBADO

ACORDA. TOMA BANHO. COME. GUARDA AS ROUPAS. LIGA O PC E ARRUMA A CAMA. NÃO ABRE O MSN. ABRE A JANELA. ESCREVE SOBRE O LIVRO DO DELEUZE. ALMOÇA. TERMINA O LIVRO DO DELEUZE E COMEÇA O OUTRO. COME. TERMINA O OUTRO - ANOTAÇÕES SOBRE LEITURA E NONSENSE OU ALICE VERSÃO COMENTADA OU JOGOS E ENGANOS. COME E VÊ UM POUCO DE TV. DORME,,,,

amor e coisas

Sabe que, às vezes, eu não sei quando devo parar de pensar em algumas coisas. Mas eu paro, mesmo assim, sem saber - nunca - de nada. Algumas coisas parecem tão insignificantes - ou seja, não têm significado (não parecem ter), porém isso não significa que elas não possam ter desígnios ou apontamentos, sejam eles verdadeiros ou falsos, condizentes ou não com o seu (a)significado (ou o que seja) -, estrala sim, estrala os dedos. Eu sinto saudade de ti, meu amor - e isso não significa que esse amor tenha significado, o que ele pode ter é um apontamento, seja ele (o apontamento), verdadeiro ou falso.

20070703

COME

COME ALGO
COME ALGA, COME
ALGO COME
ALGA COME ALGO
COME ALGA, ALGO
COME ALGA
ALGO COME ALGA
COME ALGA; COME ALGO
COM'ALGO
COM'ALGA
COM'ALGA-ALGO
GAGO
GA-GO
GO.

Poesia Desafinada de Criança Matuta

Quando eu tinha entre 8 e 10 anos, mais ou menos, escrevi um livrinho de poesia: "Poesia Desafinada". Fica dentro de um saquinho vermelho de bolinhas brancas que minha irmã fez:

(algumas)

Uma xícara de chá
cai ao lento ar
que balança ao se reprimir
sem dó de se levantar.

Sozinho
Sossegado sem
Susto Sardento
Soprando:
SUMA
SUMA
SUMA
(sem silêncio)



Sol bébe amarelo,
bêbado amarelaDO

Sopa de leg
umes, linhas ent
relaçadas entre o
tomate, lin
has que dizem-
se ser mac
arr
ão



Longínquas
línguas
de areia e
patas de
água salgada.



(LHO(BA(É(CI(SI(O)LÊN)O)O)RU)BAIXO)
Saiba viver
Saiba calar-se
Saiba viver
COMENDO
ALFACE


A vida que V
ive sobre a VID
a vivida VIVE
ndo a vida VIV
ida
viverá a
morTe
morTífera!

-- O
sono
do
dia
Rompeu.............
o sono
RouBADO
____________
QU
E - o -
dia -
- r
o
u
b
o
u
Da Noite!



o sopro do vento é sempre um soro de sorriso soprados pelos sopros escorridos pelo riso que faz rir a risada de todos os seres vivos e brutos da vida de seres que possuem a terra do espaço _escrito em "espiral"

A SOPA DO SURD
O TINHA UMA SEM
ENTE DE SARDINH
A SUBSTITUIND
O O SILÊNCI CO
M SALSA DE SA
L SEM SALSINH
A!

[...96/97/98...]

20070702

De oisas, coisas

Quanto à minha angústia, a qual se faz (me faz) tão intensa hoje, não me surpreendo. Algumas horas passam, mas não se deixam passar. Tamanha ânsia que sai de um nada do meu estômago.
Não me separo mais, as pausas todas empilham-se sobre o chão que não me pertence. Sou um aglomerado de coisas, de coisas, de coisas e etc.
Como farei-me um vômito a menos?
É vômito, fala e falha. Falha tudo entorno, lançar da boca: urucubaca.

- Pensei de novo em morte, minha, dos outros, etc, ontem.
- Não pensa, vive, des-vive e chora!
- Como eu chorava, nem conto, chorava e olhava a janela que nada me dizia.
- Digo agora: isso não termina. Você termina.
- Não quero de ti, quero da janela, que me aborrece e me agride.
- Não vomita de novo!
- Limpei ontem, não custa nada...
- É um vício né?
- Sim.

- Acho que algum Deus deve ter por aí. O céu é tão grande, dizem, já ouvi, que é lá que ele fica.
- Tem é nada! Agora tem aqui é vômito por tudo quanto é lado. Oras!
- Alguma coisa a gente tem que amar, o que já não sei mais. (LH)
- Não pensa. Não sei pra que pensar! Pensa em não pensar.
- Isso não está certo. Sinto ânsia de creme. Assim, sabe, como maionese.
- Nem se interessa, só você entende mesmo.
- E daí? Isso não muda mesmo.

Sabe que quando era criança, eu me achava chata-de-galocha:
Não me aguento de tão chata!
Dor-de-cabeça, que novidade!
O dia inteiro mal-humorada.
_1997 em média

E NÃO MUDEI NADA. ALÉM DISSO, NÃO SEI MAIS,,,